A grande e terrível má sorte das vítimas da Bancoop, a cooperativa do Sindicato dos Bancários que lesou muita gente, está no fato de os dirigentes da entidade pertencerem ao PT. Os cooperados teriam melhor sorte se João Vaccari Neto e Ricardo Berzoini, duas das pessoas diretamente ligadas à barafunda, fossem membros do DEM. Aí teríamos um pandemônio! Mas não! O segundo foi presidente do PT até outro dia e é membro de destaque da burocracia partidária. Eu até o chamo de “Berzoniev”, tentando dar, assim, um sotaque soviético a seu nome, coisa bem apropriada a sua postura de burocrata cinzento.
O outro capa-preta é nada menos do que o atual tesoureiro do PT e amigo pessoal de Lula. Vaccari veio da engrenagem da CUT. Pertencia ao conselho da Usina de Itaipu. É um petista de quatro costados. Em depoimento prestado à Procuradoria Geral da República, Lúcio Funaro o acusa de ser o homem da corretagem junto aos fundos de pensão das estatais. Reportagem de capa da VEJA desta semana conta tudo.
Fossem os chefões da Bancoop membros do DEM, aí os cooperados teriam a seu lado toda a imprensa — sem exceção — e, muito provavelmente, o aparato do estado mobilizado não exatamente para atender a seus interesses, mas para pegar os adversários do PT. Indiretamente, as vítimas poderiam até ser beneficiadas.
Fossem os chefões da Bancoop membros do DEM — ou do PSDB —, e fitas e gravações provando falcatruas já teriam sido plantadas em todas as redações. E a coisa não seria um mal em si, claro: havendo safadeza, como havia no governo Arruda, é preciso mesmo botar a boca no trombone — e lembro que os pilantras do DF não estão mais no DEM. Já Berzoini e Vaccari pertencem ao núcleo duro do PT.
Fossem os chefões da Bancoop membros do DEM, setores da Polícia Federal estariam empenhados em provar as vinculações entre o esquema criminoso e a direção nacional do partido — como fazem, agora, ao investigar o caso Arruda. O governador preso já teria até redigido a sua carta acusatória… Mais um pouco, ele entra no programa de delação premiada e transforma seu cleptogoverno numa obra do DEM nacional. E não aparecerá nenhum juiz para recomendar cuidado porque, afinal, este é um ano eleitoral… Todos acreditarão que, pela primeira vez na vida, Arruda estará falando a verdade…
Fossem os chefões do Bancoop membros do DEM, e as vítimas da cooperativa já teriam sido levadas à Câmara e ao Senado para falar com os parlamentares, para protestar. Os petistas estariam desfilando com eles para cima e para baixo. Suplicy cantaria Bob Dylan e declamaria aqueles magníficos versos dos Racionais…
Para má sorte dos cooperados, nem os dirigentes do DEM são diretores da Bancoop nem as atuais oposições sabem, como direi?, fazer oposição como faria — e faz — o PT. O que impede tucanos e democratas de levar ao congresso as vítimas dos golpistas? Quem não se lembra de deputados petistas fazendo proselitismo em São Paulo durante as enchentes, acusando Kassab e Serra de serem os responsáveis pelas maiores chuvas havidas na cidade em sete décadas? Não esperem que os parlamentares do “partido” façam o mesmo em defesa das vítimas do… partido!!!
Muitos parlamentares da oposição gastam boa parte do seu tempo atribuindo esta ou aquela dificuldade à demora de Serra em lançar a candidatura — como se a eleição fosse amanhã. Não é. Está longe. O que está bem perto é um descalabro que colheu centenas de famílias, que, adicionalmente, ainda são vítimas da truculência da Bancoop, como atesta o escritor e jornalista Ignácio de Loyola Brandão em carta enviada à VEJA. Não receberam seus apartamentos e ainda sofrem ameaças. Brandão é um profissional bem-sucedido, pode gritar. Mas não os outros. E, numa democracia, os parlamentares também são a voz de quem não tem voz. Acorda, tucanada! Acorda, DEM!
No que me concerne, continuo firme na campanha: Arruda precisa de parceiros para jogar dominó!
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